terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Tristeza

Hj o dia não foi tão legal assim.......tive algumas boas chateações e decepções. Mas nem todos os dias são bons né? E perto do que já foram meus dias, esse até que não foi tão ruim assim.
Acho que eu não estou muito bem, digo psicológicamente. A gravidez vai bem, a Gabi está bem e agitadíssima esses dias. Mesmo eu estando deprê, ela parece estar bem serelepe na minha barriga. Ou então deve estar me xingando por eu estar tão triste, acho que ela não está gostando de sentir isso.
Com a minha barriga grande, tenho evitado sair para evitar as pessoas e perguntas que eu não vou saber responder. Ou não gostaria de responder. Sei que as pessoas que me encontrarem na rua vão perguntar sobre o pai da Gabi, e eu não vou saber o que responder. Mesmo eu sendo desse jeito, eu sinto vergonha de estar nesta situação. Eu sei que não deveria me preocupar com isso, mas eu também sei que as pessoas ainda olham com maus olhos mulheres como eu. Sozinhas e grávidas. E me sinto mal de encontrar tanta gente na rua que me conhece, e não fala nada, mas sei o que pensam. Antes eu adorava andar na rua e poder dizer olá para muitas pessoas, agora queria que as pessoas não me conhecessem e eu pudesse andar nas ruas sem encontrar com ninguém.
Mas a pior de todas as vergonhas ainda é a que eu sinto em casa. Olhar para meus pais e ver na cara deles o desgosto de ter uma filha nesta situação. Não há nada que me doa mais que isso.
Por mais que eu me sinta feliz em estar realizando o meu grande sonho de ser mãe, por outro lado, eu destruí todos os outros. Os meus e de meus pais. Nem vou a reuniões familiares, nem mesmo a enterros. Neste carnaval meu tio faleceu num acidente de carro. Não fui ao enterro. Ninguém da minha família me viu grávida. E nem quero.
Eu sempre sonhei em ser mãe. E sei também que nada nessa vida é fácil. Mas existem dias que são mais difíceis, e não consigo ser forte todos os dias. E nem bem humorada. Isso porque bom-humor nunca me faltou.
A gravidez me fez mudar muito. Não sei se são os hormônios, ou a situação em si. Estou me sentindo muito menos alegre,e me sinto mal por estar sentindo isso e passando para a Gabi. Mas como eu disse, eu não consigo. É difícil passar por um momento destes e não sentir um abraço, um carinho e não ter com quem compartilhar essa alegria todos os dias. Talvez se eu soubesse de tudo isso, tivesse demorado um pouco mais para ser mãe. Mas acredito que isso tenha acontecido por algum motivo muito especial na minha vida. Porque nada é por acaso.
Sinto medo. Muito medo de não ser uma boa mãe, como o próprio pai da Gabi diz que não serei. Eu não sei se vou mesmo ser uma boa mãe. Não sei como vou fazer para educá-la corretamente, não sei se sou uma pessoa preparada para isso. E não sei se um dia ela vai me culpar por tudo isso. Por crescer numa família incompleta, diferente da maioria das outras crianças. Sei que um dia ela vai perguntar e sei que um dia ela vai ter a opinião a respeito disso, e tenho medo que ela me culpe por tudo isso. O que não é mentira. Eu realmente sou culpada por tudo isso. Foi eu que não parei para pensar, foi eu que não dei um tempo para resolver os problemas antes de querer ser mãe. Foi eu que quis assim.
Olho para mim hoje e sinto pena de mim mesma. Mas sei que tudo isso são meus frutos. Foi o que eu plantei, e agora estou colhendo. Aceito tudo isso, mas sofro.
Não posso perder a esperança no futuro. Preciso acreditar que tudo vai dar certo. E que eu vou ser feliz com a Gabi. Mas os medos aparecem a toda hora. Nunca estive tão sozinha. Até medo de morrer eu tenho. Medo de morrer no parto, de ter alguma complicação. Medo da Gabi ter algum problema. De acontecer algum problema durante a minha gravidez, de cair, de passar mal.
Eu entendi o verdadeiro medo quando vi a minha filha correndo risco. Depois deste dia, o meu medo é constante e minha dor também. Nada na minha vida vai me fazer esquecer o medo e o desespero da possibilidade de perder meu bebê.
Tudo o que tem acontecido mudou completamente minha vida. Ter uma vida dentro da gente faz com que repensemos nossa vida toda, e como somos vulneráveis. Como um filho muda a sua visão de vida e do mundo. Agora é tudo por ela. Tudo o que eu faço é pensando nela. Meu andar é pensando nela, em como ela vai ficar dependendo do ritmo do meu andar. Do meu deitar. Como ela vai ficar deitada, se vai ter espaço, se vai ficar muito espremido. Procuro não me mexer muito, pensando que ela vai ficar brava com os meus movimentos. Não fico muito em pé, para que ela não fique muito tempo sentada. Mudei minhas roupas, e nunca mais usei um jeans, nem os de gestante. Evito usar calça, uso sempre vestidos para que não aperte minha barriga. Me levanto devagar quando acordo para que ela não se sinta estranha dentro da minha barriga com o movimento.
Engraçado que eu sei exatamente onde ela está dentro da minha barriga, só não sei em que posição. Só sei da posição qdo ela se mexe...aí eu sei onde mexeu e sei onde estão seus pezinhos.
É inexplicável. É uma emoção que não tem como explicar.
Aliás, tudo é muita emoção. Por isso existem dias como hoje...